Óleo de coco virgem, extra-virgem, orgânico ou "sem sabor"?
O óleo de coco é obtido a partir da prensagem da polpa do coco maduro, e pode ser de basicamente dois tipos: puro (extraído a partir do coco fresco), ou refinado (processado a partir do coco seco). O óleo puro pode ainda vir a ser rotulado como virgem, extra-virgem e orgânico. Continue lendo para entender melhor no que consistem essas categorias, e para quais usos elas são recomendadas.
1 - Óleo de coco puro ou natural (não-refinado)
O óleo de coco é dito puro ou natural quando extraído a partir do coco fresco, mesmo que seja utilizado um processo de secagem rápida para que o óleo possa ser extraído mecanicamente. Como esse processo é rápido e executado em ambiente controlado, o óleo resultante é livre de contaminantes e portanto não precisa ser alvejado e desodorizado como o óleo obtido a partir do coco que é deixado para secar naturalmente ao ar livre.
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MAS QUAL É A DIFERENÇA ENTRE O ÓLEO DE COCO VIRGEM E O EXTRA-VIRGEM?
Não existe uma regulamentação oficial que defina o que é um óleo de coco extra-virgem. Várias marcas, entretanto, possuem em suas linhas de produtos essa denominação, e utilizam critérios próprios para defini-la. As principais marcas brasileiras utilizam a despeliculagem como critério para diferenciar o seu óleo extra-virgem daquele rotulado como simplesmente virgem.
Basicamente, elas chamam de virgem o óleo que é obtido a partir da polpa ("carne branca") ainda recoberta pela película que a separa do endocarpo, e de extra-virgem o óleo obtido a partir da polpa totalmente despeliculada.
Devido ao fato de ser proveniente também da película coco, o óleo virgem dessas marcas apresenta uma coloração amarelada (diferente da coloração translúcida do óleo de sua versão dita extra-virgem), e se destina a aplicações menos nobres (produção industrial de biscoitos, massas, pães e bolos e fabricação de bases para xampus, condicionadores e saponáceos). |
Entretanto, essa definição de virgindade não é compartilhada por todos os produtores, especialmente fora do Brasil. Dessa forma, o mais importante é ficar atento à coloração do óleo que se está comprando.
E POR QUE A PRENSAGEM A FRIO É IMPORTANTE?
Prensado a frio siginifica que foram utilizadas prensas situadas em um ambiente com temperatura estritamente controlada.
Esse controle de temperatura neutraliza os efeitos do calor gerado pelo atrito mecânico, garantindo que o óleo de coco não seja exposto a temperaturas superiores a aproximadamente 45 graus centígrados. Essa ausência de calor garante que o óleo reterá seu sabor, aroma, cor e nutrientes naturais. |
ÓLEO DE COCO ORGÂNICO
O óleo de coco orgânico (com selo emitido por autoridade competente) é aquele submetido a certificação de que os cocos utilizados para a extração do óleo foram cultivados sem o uso de pesticidas.
Deve ser considerado, entretanto, que a hermeticidade do endocarpo protege o interior do coco de contaminações com resíduos de pesticidas[1,2]. |
Dessa forma, alguns especialistas acreditam que a real necessidade da existência de um óleo de coco orgânico se justifique não pela qualidade do óleo, e sim pela redução do impacto ambiental que o uso de pesticidas provoca na natureza e comunidades próximas às plantações.
VALE A PENA COMPRAR UM ÓLEO "PREMIUM"?
O termo premium é utilizado para sinalizar que se está pagando mais caro do que a média do mercado. Ele normalmente é associado a óleos de coco extra-virgens de qualidade superior, mas, na ausência de testes imparciais, não existe nenhuma garantia de que seu preço mais alto seja sempre justificável.
2 - Óleo de coco refinado ("sem sabor")
Se no rótulo da confecção não estiverem escritas as palavras puro, natural, virgem ou extra-virgem, então o óleo em questão é refinado. Isso significa que ele foi obtido a partir da polpa deixada para secar em condições ambientes, e que - devido à presenca de contaminantes - precisou passar por um processo de refino, alvejamento e desodorização.
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O problema é que, ao ser refinado, o óleo perde boa parte de suas propriedades naturais extrememante benéficas à saúde (além do sabor e odor característicos do coco), e pode - dependendo do processo de refino utilizado -passar a ter componentes químicos em sua composição.
MAS ENTÃO POR QUE ALGUÉM USARIA O ÓLEO REFINADO?
A única vantagem do óleo de coco refinado sobre o puro é o seu maior ponto de fumaça. Ponto de fumaça é quando o óleo atinge a temperatura em que o glicerol se quebra e forma a acroleína, que é irritante aos olhos e à garganta e degrada os componentes nutricionais do óleo. Por isso, um ponto de fumaça alto é importante quando se usa o óleo para fritar ou refogar alimentos, pois esse tipo de preparo alimentar aquece o óleo a temperaturas bastante elevadas.
Já houve um tempo em que o óleo de coco refinado era muito utilizado no Brasil: comercializado como "gordura de coco" até meados do século XX, ele era muito popular nas cozinhas brasileiras.
Já houve um tempo em que o óleo de coco refinado era muito utilizado no Brasil: comercializado como "gordura de coco" até meados do século XX, ele era muito popular nas cozinhas brasileiras.
Com a chegada do óleo de soja no final da década de 1960, entretanto, a cultura do uso de óleo de coco refinado na cozinha doméstica acabou desaparecendo. Essa situação permanece até os dias de hoje, e até pouco tempo atrás não tínhamos óleos de coco refinados adaptos ao uso doméstico: os únicos óleos refinados produzidos aqui utilizavam o bagaço do coco e por isso precisavam ser muito refinados, ou seja, necessitavam ser submetidos a muitos processos químicos, tornando o seu consumo desaconselhável para o uso não-industrial.
Felizmente, recentemente foi reiniciada no Brasil a produção de óleos refinados a partir da polpa do coco, os quais têm sido rotulados como óleo de coco sem sabor. |
Diante de tanta informação, não é difícil se perder. Por isso pode ser útil o seguinte sumário, utilizando as definições de óleo virgem e extra-virgem adotadas por várias das principais marcas brasileiras:
CUIDADO COM O MARKETING!
Devido à ausência de regulamentação e fiscalização, determinados produtores ou distribuidores mal-intencionados podem acabar rotulando como "extra-virgem" e até mesmo "premium" óleos que foram quimicamente tratados ou aquecidos em alguma fase de seu processo produtivo. Pois é: infelizmente, há óleos que são comercializados como "naturais" mas que foram de fato submetidos a algum grau de refino químico, mesmo que leve; ou que foram tratados termicamente, ou seja, prensados a frio mas aquecidos após a prensagem (acima das temperaturas de pasteurização ou de ebulição). Isso faz com que o óleo seja mais resistente ao transporte e estocagem em condições inadequadas, mas que perca tantas das maravilhosas propriedades do óleo de coco realmente extra-virgem.
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Parabéns: agora você já sabe escolher o óleo de coco mais apropriado aos seus objetivos. Mas onde encontrá-lo?
REFERÊNCIAS
- Brito, N., Navickiene, S., Polese, L., Jardim, E., Abakerli, R., Ribeiro, M. (2002). Determination of pesticide residues in coconut water by liquid–liquid extraction and gas chromatography with electron-capture plus thermionic specific detection and solid-phase extraction and high-performance liquid chromatography with ultraviolet detection. Journal of Chromatography A,957(2), 201-209.
- Duijn, G. V., Dekker, G. D. (2010). Unilever food safety assurance system for refined vegetable oils and fats. Oléagineux, Corps Gras, Lipides OCL, 17(2), 100-103.
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